A Internet muda tudo. Mudou o mundo dos negócios. Mudou os meios de comunicação. Mudou até a maneira de fazer terrorismo.
Não podia ser diferente com o mundo da música.
Imagine a indústria da música efetivamente surgindo nos anos 30. Músicos de talento precisando ser remunerados para continuarem produzindo boas canções. Abrie-se uma oportunidade de que as pessoas comprem música e não só às escutem pelo rádio ou em apresentações ao vivo. Só que para que as pessoas comprassem música era preciso existir uma mídia, um veículo para que a música pudesse ser transportada para a casa do cliente. Inventaram a mídia, o vinil. Mas na época não fazia sentido economicamente criar uma bolacha de plástico que era cara de produzir para transportar somente uma música. Essa inviabilidade econômica forçou a indústria da música a criar o conceito do álbum.
Ora, se o conceito de álbum foi criado porque o meio de transporte assim o fez existir, então porque hoje, com meios de transporte com custos tendendo à zero ou muito baratos, ainda existe o conceito de álbum? Simples, porque assim é economicamente interessante para a atual indústria da música que ainda pensa como nos anos 50/60.
Mas é o tipo de situação que a indústria da música não conseguirá segurar por muito tempo, mesmo tendo milhões de dólares para brigar com o novo meio de transporte, a Internet. O bilhão de pessoas online no mundo hoje é infinitamente mais poderoso que os milhões de dólares da indústria da música.
A Internet está determinando o novo conceito de como a música será produzida e distribuída. O conceito de álbum como o conhecemos está deixando de ser economicamente necessário. As bandas e músicos não precisarão mais produzir músicas sem qualidade (poética, harmônica, ou o que for) só para compor o mínimo de 10 ou 12 faixas por álbum. Em breve os álbuns serão apenas coletâneas de vários hits de uma banda, já que a banda pode se dar ao luxo de produzir só hits e não ser economicamente forçada a produzir canções para compor um álbum.
A Internet permite que bandas criem "protótipos" de músicas e as testem antes de efetivamente as produzirem diminuindo a quantidade de músicas produzidas e lançadas que nunca virarão hits. A cauda longa da indústria da música tende a ser repleta de milhões de hits.
A Internet permite que músicas sejam compradas no varejo e não no atacado (atacado = álbum). Os MP3 Players permitem que as músicas sejam consumidas ao gosto do cliente e não presas às compilações e ordenações saídas de CD Players e estações de rádio. Sistemas sofisticados de recomendação online de músicas permitem que boas músicas sejam descobertas ao sabor de tendências em tempo real.
It´s is the end of the album as we know it (é o fim do álbum como o conhecemos).
TrackBack URL para esse post:
http://www.fabioseixas.com.br/mt/mt-tb.cgi/228
Comentários
A indústria da música é uma das únicas que ainda se da ao luxo de manter uma orientação para o produto e não para o consumidor e suas necessidades.
Isso só acontece porque existe muito (muito mesmo) dinheiro para bancar esse enfrentamento direto.
A julgar pelo movimento do mercado é bem provável que daqui ha alguns anos não seja mais necessário essa intermediação entre artistas e seu público, uma vez que a enorme quantidade de recursos tecnológicos disponíveis e ao alcance de todos permite que qualquer um grave, produza e distribua sua criação.
Não seria nenhuma loucura pensar que não mais se ganhará dinheiro com a venda da música em si, mas sim com shows e todos os outros produtos que levam o nome das bandas.
Na sua opinião, qual a possibilidade de, num futuro de médio prazo, acabar a necessidade de se TER a música?
Ou seja: se eu posso pagar para simplesmente OUVIR qualquer música a qualquer hora, eu não precisaria ter o arquivo da música. E se ouvir fosse mais barato do que ter, isto seria viável.
Você acha que, desta forma, seria inclusive mais fácil garantir os direitos autorais?
Aviso legal:
-Não publico comentários anônimos. "josé", "júnior", "maria" e qualquer nome que não informe claramente quem está fazendo o comentário será considerado anônimo. Seja homem (ou se preferir, tenha peito) e assuma sua posição;
-Se quiser que seu comentário seja publicado, informe claramente algum site que o identifique. Pode ser blog, Twitter, Orkut, Facebook ou qualquer perfil na internet e que, por sua vez, também não seja anônimo;
-Não publico comentários desrespeitosos, com palavras de baixo calão, preconceituosos ou que firam qualquer lei desse país;
-Não publico comentários que aparentam ser meras propagandas ou link building;
-Eu publico críticas, desde que respeitem as regras acima.